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Foto: Divulgação

Fernando Teixeira: “Na caminhada pela vida, a arte nem sempre é fácil, ou gloriosa, mas, em compensação, é uma caminhada onde você é quem determina para onde ir.”

Renomado artista paraibano, Fernando Teixeira, é homenageado na Semana do Audiovisual do Vale do Paraíba

15 de fevereiro de 2024

Celebrando mais de 50 anos de contribuições às artes cênicas, Fernando Teixeira, renomado ator, dramaturgo e diretor paraibano, é o homenageado de destaque na Semana do Audiovisual do Vale do Paraíba. O evento, resultante da fusão dos festivais Cine das Almas e Cine Paraíso, promete enriquecer a experiência cultural nas cidades de Itabaiana e Juripiranga de 11 a 16 de março. Uma celebração única não apenas honra a trajetória artística de Teixeira, mas também destaca a importância dos festivais para a vitalidade cinematográfica local e nacional.

 

Neste mergulho no universo do audiovisual, Fernando Teixeira compartilha suas experiências e sentimentos ao ser escolhido como homenageado, dando nome ao evento. Confira abaixo a entrevista exclusiva ao Paraíba Total:

 

Como você se sente ao ser escolhido para dar nome à Semana do Audiovisual do Vale do Paraíba?

Ao refletir sobre a escolha da vida artística, sempre questiono o porquê de ser artista. A caminhada pela vida na arte nem sempre é fácil ou gloriosa, mas é uma jornada onde você determina o caminho a seguir. Mesmo assim, viver só de arte é tão inseguro quanto trabalhar sem carteira assinada. Hoje, ao olhar pelo retrovisor, vejo além das intempéries, muitas coisas boas e lindas que se realizaram nesta caminhada e ser convidado como homenageado para a Semana do Audiovisual do Vale do Paraíba é uma delas.

 

O que representa para você ser homenageado nesta edição especial?

Um dos meus focos permanentes é o de não me achar melhor porque fui premiado, homenageado. Sempre briguei com o meu Ego; era ele se inflando e eu tentando desinflá-lo. Fico agradecido de estar aqui pelo que represento como ator de teatro, de cinema e diretor de teatro. É uma confirmação de que a trajetória que projetei (mesmo sem perceber) deu certo. Estou orgulhoso.

 

Qual a importância, na sua opinião, de unir os festivais Cine das Almas e Cine Paraíso para criar essa semana dedicada ao audiovisual na região?

A quebra da continuidade, especialmente em projetos de longa duração, é bastante importante e a fusão dos festivais Paraíso e Cine das Almas só vem rejuvenescer o projeto. Certamente essa novidade traará respostas favoráveis.

 

Foram cerca de 1000 inscrições de obras abrangendo desde filmes nacionais até produções paraibanas. Como você vê o papel desses festivais na promoção da diversidade e riqueza da produção cinematográfica brasileira e qual é a sua expectativa em relação à diversidade de experiências que o público terá durante a Semana do Audiovisual?

Tive algumas experiências com Festivais de Teatro e com Festivais de Cinema, e acredito piamente que a ausência de festivais, acaba com a discussão circular, distancia as novas discussões grupais, isolam o grande discurso que rola sobre e o porquê do cinema. Os Festivais são o ‘éter’ de quem faz cinema, trazendo representatividade à região e revigorando a estima da cidade e do povo.

 

A peça “Esparrela” percorreu mais de 60 cidades para mapear o movimento teatral do estado. Como essa experiência influenciou a sua visão sobre a importância do teatro e do audiovisual em diferentes comunidades?

Iniciei minha carreira como diretor de teatro, sendo ator em poucas ocasiões. Das 44 peças que montei, atuei em apenas quatro. Não reconhecia meu lado ator, que vivia em mim, e ao acaso ele surgia quando menos esperava. A timidez, poucos conhecimentos, porém a vontade de ser ator nunca esteve no meu desejo de ser, eu já era, mas não sabia. Ao descobrir lentamente esse lado, decidi realizar o monólogo autoral “Esparrela” e me testar mais uma vez. Aos 71 anos viajamos o país, encerrando a carreira nas Olimpíadas no Rio de Janeiro com duas apresentações para idosos. Eles me diziam quando subiam ao palco para me abraçar: “Que memória!”.

 

Além de sua atuação no teatro, você também foi homenageado com o livro “Fernando Peregrino – um perfil biográfico de Fernando Teixeira em 50 anos de palco” do dramaturgo Tarcísio Pereira. Como vê a importância de documentar sua trajetória e contribuições para as artes, e como isso pode inspirar as gerações futuras?

Estou sendo bastante homenageado e agradecidíssmo por tudo que vem ocorrendo já há algum tempo, como uma biografia chamada “Fernando Peregrino” por Tarcísio Pereira, TCC pela atriz maravilhosa Raquel Ferreira, uma monografia por Luciana Dias, fui citado no livro de pesquisa Dramaturgia e Teatro de André Luís Gomes e Diógenes André Vieira Maciel, sou citado na tese de doutorado – História da Cena Tabajara – do Professor e Diretor Teatral Duílio Cunha e também tive o prazer de escrever a minha biografia e finalmente, recebo de presente a edição de um livro de grande parte dos  meus trabalhos, exercícios, buscas, pesquisas e vivências. Uma obra sobre  grande parte da minha vida profissional de teatro. Pesquisada, estudada, guardada e fielmente narrada pela Professora Luciana Dias: “A Intuição Criativa”.

 

Mesmo com mais de 60 anos de carreira, você continua ativo na cena artística. Como vê seu papel na formação de novos talentos e no incentivo à produção cultural na Paraíba?

Mantenho minha vida ativa, faço musculação, ando com o Negão – que é nome do meu cachorro –, jogo paciência, leio mais ou menos e mantenho minha vida profissional no cinema. Viajo, filmo, amo um set de filmagem. Acredito que a possibilidade mais razoável para que eu ainda possa ensinar alguma coisa a alguém, ou mesmo servir de algum exemplo, é: vejam meus filmes.

Fonte: Redação