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Foto: Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Por novos futuros: futuro, futebol e a força feminina

22 de janeiro de 2024

2024 vai dando seus primeiros passos e apontando horizonte de crescimento gradativo da economia brasileira. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) avalia uma perspectiva de crescimento do PIB de 2%, desacelerado em relação a 2023 pelas questões climáticas que freiam o ritmo do agronegócio, queda da taxa Selic e políticas de valorização do salário mínimo e de renegociação de dívidas das famílias de baixa renda.

 

Ok. As previsões do IPEA até projetam, de certa forma, o futuro. Mas onde entram o futebol e a força feminina nesta coluna? Vou explicar. Semana passada, ouvi orgulhosa o discurso da jogadora, eleita seis vezes a melhor do mundo, Marta Vieira da Silva. Após ser anunciada como “imortal” pela Fifa, a entidade criou uma nova categoria no Prêmio The Best e criou o nome Prêmio Marta, a ser concedido em 2024 a autora do gol mais bonito do futebol feminino do ano.

 

Faço questão de trazer pra cá um trecho do discurso emocionado de Marta durante a cerimônia, dada a força das palavras desta mulher brasileira: “…Mas eu quero que, assim como estou enxergando nesta homenagem, quero que todas as mulheres possam também enxergar um futuro promissor. Onde não seja direcionado somente ao futebol, mas a qualquer atividade. O que a gente busca diariamente é fazer com que o mundo seja melhor para todos, sem distinção, buscar igualdade, respeito. E deixo essa mensagem para todos que têm o poder de transmitir essa mensagem, que façam, porque as próximas gerações vão agradecer, assim como agradecemos a um Ronaldo, um Zagallo, um Pelé.”

Empoderada do seu lugar de fala, da sua influência e da sua competência, “lacrou” uma expectativa: “… Em um ano de Olimpíadas, quem sabe jogar mais uma vez… depois vou ter uma resposta”.

Marta abre um holofote gigantesco para a sociedade enxergar os grandes avanços e os desafios para ampliar a equidade da mulher no mercado de trabalho. Mais do que isso: reconhece o papel que cada um tem na construção de um futuro mais promissor, colocando homens e mulheres nessa passagem de bastão de compromissos e responsabilidades.

A força feminina, aqui representada pela atleta Marta, está posta pelos dados e fatos: as mulheres são mais escolarizadas; representam quase 40% das donas de empresas formais do país e mais da metade delas são chefes de domicílio, só pra citar alguns números.

Por outro lado, a invisibilidade do trabalho doméstico e do cuidado foi, oportunamente, tema da redação do Enem do ano passado, fazendo queimar as pestanas e a cachola dos vestibulandos. Como traçar paralelos entre a mulher que cuida de tudo e de todos e a mulher que também alça voos cada vez mais altos na carreira? E quando as duas são uma única mulher?

Em 2022, de acordo com o IBGE, as mulheres dedicaram 9,6 horas por semana a mais do que os homens aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas. Resultado real: mulheres cada vez mais exaustas e desequilibradas emocionalmente.

Não dá pra pensar a questão da equidade apenas pela ótica das políticas econômicas e afirmativas de inclusão, mas voltar também o olhar e as atitudes para o local onde as bases das relações humanas são construídas, ou seja, o lar. Ambos, homens e mulheres, assumindo e equilibrando as responsabilidades domésticas e do cuidado, refletem para fora das paredes de casa comportamentos que constroem relações mais respeitosas e justas.

Eu não precisaria esperar o 8 de março, dia internacional da mulher, pra escrever esta coluna. Até porque, o ano está começando e podemos incluir nos nossos planos o ajuste de condutas, a abertura ao diálogo respeitoso, a empatia e corrigir o prumo do cotidiano por um futuro com mais jogadoras dando show no futebol, como a Marta, mas principalmente, mais mulheres protagonizando suas vidas pessoais e profissionais com equilíbrio e competência.

Fonte: Renata Câmara