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Vanderlei Cordeiro de Lima: “O mais importante é que temos que carregar sempre a perseverança e nunca desistir”

Atleta de 54 anos esteve na Paraíba na Corrida Olympikus uma das maiores marcas de calçados esportivos do Brasil

14 de setembro de 2023

Vanderlei Cordeiro de Lima é um nome que ecoa na memória dos brasileiros apaixonados por esportes. No ano de 2004, ele conquistou algo que permanece único em nossa história esportiva: a medalha de bronze na maratona dos Jogos Olímpicos de Verão, em Atenas. Esse feito não apenas eternizou seu nome no panteão dos atletas brasileiros, mas também trouxe um sentimento de orgulho que ressoa até hoje.

Em 2023, 19 anos após esse momento inesquecível, Vanderlei Cordeiro está de volta às ruas de Atenas, aceitando um desafio proposto pela Olympikus, uma das maiores marcas de calçados esportivos do Brasil. Aos 54 anos, ele se prepara para participar da Maratona, marcando o retorno a um lugar que fez parte de sua vida e história. Além de sua notável carreira esportiva, Vanderlei é embaixador do Comitê Olímpico Brasileiro Paris 2024 e uma inspiração para novas gerações de atletas.

Nesta entrevista exclusiva ao Paraíba Total, conheceremos mais sobre sua jornada, suas expectativas para o desafio em Atenas e seu compromisso com o Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima, que visa enriquecer a vida de jovens por meio do atletismo e da educação.

Como é voltar a essa maratona, que é tão significativa, 19 anos depois?

Sempre tive vontade de voltar a correr a prova olímpica de 2004 e deu certo agora. Foi um momento oportuno, mas diferente da minha carreira, da minha vida e aliou essa vontade com o desafio, já que a última maratona que fiz foi em 2009. Claro que agora é um momento completamente diferente, mais participativo e voltar a correr aquele percurso, que foi épico, vivenciar um pouco da sensação que vivi em 2004, me traz uma energia muito positiva. Também conciliou esse casamento perfeito com a Olympikus, principalmente pelo fato de a marca voltar comigo a fazer a maratona olímpica.

A ideia foi sua ou foi uma sugestão da Olympikus?

Na verdade, eu já tinha essa ideia e levei numa conversa informal, não era nada sério, mas a Olympikus colocou esse desafio para mim. Eu nunca fugi de desafio, então deu certo. Encarei e o mais importante é o reconhecimento que a marca me deu nesse momento da minha história e da minha vida dedicada ao esporte. Sempre falo: minha história não é diferente da maioria dos corredores brasileiros. Essa é a proposta: levar o desafio para cada um dos corredores, e cada um ter a oportunidade de buscar aquilo que planejou em sua vida.

Como está a expectativa?

Esse era um planejamento estava meio adormecido e, para mim, vai ser muito especial sentir essa energia de novo de correr a maratona de Atenas, essa que foi a prova da minha carreira e da minha vida, esse é o momento. A oportunidade de reviver um pouco daquilo que passei em 2004, para mim, também vai agregar muito, principalmente nesse momento pré-olímpico. Sou grato pelo comitê olímpico do Brasil que me deu oportunidade de ser o Embaixador Paris 2024 e voltar em Atenas, refletir um pouco vai agregar aquilo que vivenciei, principalmente nessa questão do Espírito Olímpico. Não é só questão física, é também emocional, e tão marcante para o atleta e vai ser importante nessa missão futura que vou ter como Embaixador Paris 2024. Quero levar essa experiência aos atletas brasileiros, poder compartilhar e ajudá-los também nesse grande objetivo de levar o Brasil à conquista de medalhas.

Quanto à questão pessoal de tempo, de recorde, você acredita que você vai trazer uma medalha? Está tentando se colocar para chegar entre os primeiros nessa maratona? Qual é o seu foco?

O grande objetivo é finalizar a prova, até porque eu estou vivendo um momento completamente diferente daquilo que foi alta performance. O Vanderlei de hoje não está mais correndo atrás do resultado, claro que por mais que a gente tente dar uma “freada”, sempre existe uma expectativa, mas nada daquilo comparado a 2004 ou como quando estava na ativa. Hoje, na verdade, busco promover cada vez mais a corrida de rua, sem dúvida essa é a minha história.

Fale um pouco sobre o Instituto Vanderlei Cordeiro de Lima.

O Instituto foi algo planejado antes de encerrar minha carreira, tanto da minha parte quanto do Ricardo [D’Angelo, seu treinador]. Entrei no esporte buscando a oportunidade que não tive e fiz acontecer. Essa é a realidade de muito atleta brasileiro e, encerrando minha carreira, eu queria retribuir tudo o que o esporte havia me concedido. A melhor maneira foi com a criação do instituto. No início foi uma barreira, estávamos inseguros pela questão financeira, porque não é só criar uma entidade, é ter condição de oferecer um trabalho à altura da minha história como pessoa e principalmente como atleta. Foi uma criação de longa data, mas hoje é uma grande realidade.

Nosso foco é educar por meio do esporte, educação, valores e resiliência. A Olympikus também abraçou o instituto e está sendo um momento muito especial para nós. Assim como na criação que a grande preocupação era a falta de recurso financeiro e lembro que Ricardo falou: “Tenho certeza que todos que acompanharam a tua vida um dia vão ser seus parceiros” e foi o que aconteceu com a empresa que voltou não sendo parceira do Vanderlei, mas diretamente amiga do esporte, principalmente nessa questão social. O esporte é a maior ferramenta de transformação e esse é nosso objetivo, a parte de descobrir novos talentos é uma consequência. São mais de 350 crianças atendidas, com muitos sonhos realizados e esse é o legado que quero deixar.

Você participou da edição do Bota Pra Correr, Costa do Conde, evento da Olympikus que foi realizado na Paraíba. Como foi a receptividade do público e a prova?

Todo momento que estive aqui teve o carinho, esse assédio gostoso que os atletas têm, o respeito e admiração e a única forma que posso retribuir é dando um autógrafo, tirando uma foto e faço isso com muita gratidão. É uma das únicas coisas que não me cansam, atender meus fãs, os meus admiradores, porque faço realmente de coração, com gratidão, porque vejo no olhar de cada um o respeito e admiração que têm e como é gostoso poder compartilhar algo que muitas vezes é imaginário.

Hoje sou muito feliz por fazer parte do mundo da corrida, no qual temos grandes atletas vencedores, ídolos, heróis, mas nós não temos distância e barreiras ao nosso público, tanto ele amador como profissional. É o único Esporte que o atleta amador pode ser de qualquer categoria, pequeno ou grande, novo ou velho, tem o prazer e o privilégio de estar lado a lado com seu ídolo. Não tem outra modalidade que os atletas, principalmente torcedores, têm essa facilidade de falar, que tem esse — vou usar uma palavra bem nordestina — aconchego no coração, esse amor que a gente transmite todos os dias.

Você é um símbolo de resiliência, de persistência. Qual o seu recado para quem está começando, tanto amador, como profissional?

Baseado naquilo que ouço todo dia, principalmente durante a realização do Bota Pra Correr aqui na Paraíba, é você ouvir a história de cada um dos atletas. A vida, a realidade, as dificuldades dessa barreira tão difícil que é começar, vejo que a minha história vai continuar sendo a de muitos outros atletas, porque o esporte é difícil e a corrida mais ainda, porque é algo que depende exclusivamente de você, da tua dedicação, do teu comprometimento. O mais importante é que temos que carregar sempre a perseverança e nunca desistir. Porque se você fizer tudo certinho, tenho certeza que Deus vai conspirar para que lá na rente as coisas aconteçam de uma maneira muito positiva na sua vida. Se não vier de uma forma da qual você espera, vem de outra maravilhosamente melhor.