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Ivan Costa: “Empreender em quadrinhos no Brasil é um desafio muito grande”

O cofundador da CCXP e CEO da Chiaroscuro Studios esteve em João Pessoa no último fim de semana apresentando, no Centro de Convenções, o painel Empreendendo em Quadrinhos

3 de agosto de 2023

Em sua primeira passagem por João Pessoa, o cofundador da CCXP e CEO da Chiaroscuro Studios, Ivan Costa, foi um dos palestrantes do Imagineland – evento de cultura geek que ocorreu no último fim de semana no Centro de Convenções de João Pessoa. O empresário, que também é curador de exposições de cultura pop, é de São Paulo participou de um painel interessante: Empreender em Quadrinhos. Para muitos, um mercado de nicho, restrito, desafiador – que Ivan faz questão de incentivar os interessados nesta área.

Em entrevista exclusiva ao Paraíba Total, Ivan apontou a relevância da realização de eventos de cultura pop, especialmente em cidades do Nordeste, que ficam longe dos grandes centros “ambém é positivo para o fortalecimento da economia local, já que se tem pessoas que vão para a cidade e movimentam o setor hotelaria, gastronomia, transporte”, destacou. Confira com foi a conversa:

O que você está achando de João Pessoa e, na sua opinião, qual a importância de um evento de cultura pop ser realizado em uma cidade do Nordeste?

Eu ainda não conhecia João Pessoa. É a minha primeira vez aqui, eu sou de São Paulo e estou gostando muito da cidade, queria poder ficar mais. Entendo que é muito importante que haja eventos de cultura pop, quadrinhos e entretenimento. Em São Paulo, existe a CCXP que é um evento gigante, mas é sabido que há um grupo muito específico de fãs e acaba sendo um evento muito paulista. Então ter mais eventos espalhados pelo Brasil inteiro é importante para atender aos fãs que moram nessas nessas regiões, para formar mais público. É bom para o mercado de quadrinhos, de cinema e de séries. Também é positivo para o fortalecimento da economia local, já que se tem pessoas que vão para a cidade e movimentam o setor hotelaria, gastronomia, transporte. Outro ponto que avalio como positivo no Imagineland é a presença do prefeito, do governador, ambos prestigiaram o evento e isso mostra que há um incentivo fundamental.

Seu painel foi sobre empreender em quadrinhos. O que abordou?

Eu trago uma perspectiva muito diferente dentro desse mundo dos quadrinhos porque eu não há nada que possa ser entendido como clássico ou até óbvio dentro desse mercado. Eu não escrevo, não edito, não roteirizo e, mesmo assim, eu trabalho nessa área de histórias em quadrinhos. Porém, trabalhei a vida inteira em empresas em áreas de Marketing e Comunicação. Minha atuação no mercado de quadrinhos e de entretenimento, como um todo aqui no Brasil, está muito fundamentada nessas competências do mercado. Ver um evento como um negócio, ver a produção de quadrinhos e os quadrinhos como produto é o início. É importante ter essa clareza das coisas para que se possa trabalhar tudo de uma forma mais objetiva. É entender que um evento é um negócio, que precisa ser financeiramente sustentável. Então esse é o meu trabalho e acredito que é uma contribuição importante para esse mercado.

Quais os desafios de empreender no mundo dos quadrinhos, sobretudo, para os profissionais independentes?

É um desafio muito grande no Brasil. Isso pelo de ser um país de proporções continentais, com capitais muito distantes umas das outras, a ausência de cidades muito grandes que não sejam capitais. Isso faz com que o poder de compra acaba ficando muito concentrado e a distribuição muito difícil. Os eventos são muito importantes para dar esse acesso, porque á a presença de artistas da cidade que sedia o evento. Então a forma de contornar essas dificuldades das distâncias geográficas entre quem produz, quem realiza e quem consome é uma das grandes dificuldades para quem empreende nesse universo. Por este motivo, volto à ideia da relevância dos eventos porque eles possibilitam a junção de todos os lados que possuem interesse.

É comum olhar para o artista, a obra e esquecer que há um processo burocrático do empresário. Como é possível começar a entender que esse universo dos quadrinhos também passa pelo empreendedorismo?

Eu ouço com muita frequência pessoas dizerem que tem o “sonho de….”, e pode ser qualquer coisa esse sonho. Trabalhar na para Marvel Comics, por exemplo, ou viver de quadrinhos, ser um roteirista reconhecido. Acho tudo lindo, mas a primeira resposta sempre é: transforma esse sonho em projeto. Isso significa trazer a ideia dessa esfera etérea de sonho e colocar os dois pés no chão. Entender exatamente que o mercado exige competências e, a partir daí, identificar quais ainda precisam ser desenvolvidas. E, claro, ter humildade de desenvolver competências. Falo isso porque, às vezes, tem pessoas que acham que já estão prontas, que nasceram prontas. não entendem que é um processo de construção. É preciso construir esse caminho, e isso significa ter muito trabalho, muita humildade para ouvir feedback, entender que às vezes o mercado está indo para um lado e a pessoa está indo para o outro e, por fim, assumir a responsabilidade sobre as escolhas. É importante calibrar as expectativas, não para não se frustrar, mas para poder montar um plano que tem a ver com esses dados de realidade. Qualquer empreendedor precisa ser ousado, mas é preciso ter o pé no chão.