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Entenda porque 2022 será de cautela no ambiente empresarial

Inflação alta, economia frágil e eleição presidencial impactam a confiança dos empresários, na avaliação de Luiz Marcatti, presidente da MESA e especialista em governança corporativa

31 de dezembro de 2021

Entenda porque 2022 será de cautela no ambiente empresarial. O avanço da vacinação contra a covid-19 e a gradual retomada da atividade econômica não foram suficientes para as empresas brasileiras adotarem uma visão otimista para 2022. Em meio à fragilidade da economia e às incertezas do cenário político a tendência é de que persista uma postura de cautela nos próximos meses, na avaliação de Luiz Marcatti, administrador de empresas, especialista em governança corporativa e sócio e presidente da consultoria MESA Corporate Governance.

“Com exceção das que atuam no agronegócio, setor que deve crescer em 2022, as demais empresas devem operar com um conservadorismo ainda mais intenso. O Brasil inicia o ano com inflação nas alturas, combustível caro, escassez de insumos, aumentos de cerca de 10% na mão de obra, por conta de dissídios, e um governo sem condições de investir. Uma tempestade perfeita. Se o País conseguir pelo menos segurar a inflação, já será uma vitória”, diz Marcatti.

Apesar desse cenário, Marcatti continua apostando no potencial do Brasil, principalmente por causa da diversificação da economia. Um ponto positivo, destaca, é a perspectiva de continuidade da onda de aberturas de capital na bolsa — sinal de aquecimento do mercado de capitais, fonte essencial para a destinação de recursos para investimento do setor privado. “A expectativa é de mais IPOs [sigla em inglês para ofertas públicas iniciais de ações] em 2022, já que não há crise de liquidez no País. Entretanto, os investidores devem estar mais seletivos do que na onda de novas listagens entre o fim de 2020 e o início de 2021. Não deve ter tanto ‘curioso’ quanto naquela época, já que a economia não cresceu como deveria”, ressalta.

No próximo ano, observa Marcatti, o Brasil continuará atraente para os investidores estrangeiros, incentivados principalmente pelo dólar, que deve permanecer alto. “O País está ‘barato’ para os estrangeiros. O receio desses investidores está mais relacionado à instabilidade política.”

Eleições

Além dos planejamentos com base em diversos cenários e ponderações, a preocupação dos empresários em 2022 estará voltada às eleições de outubro. “Os extremismos, de direita ou de esquerda, não são o melhor caminho para o ambiente de negócios. As empresas precisam de uma agenda mais liberal, que incentive o crescimento das operações com investimentos em infraestrutura, e há uma necessidade de atenção às demandas sociais. Para voltar a crescer o Brasil precisa de um planejamento que independa de interesses eleitorais”, afirma.

Pandemia

Embora neste fim de 2021 existam muitos receios e dúvidas em relação à variante ômicron, Marcatti diz que o avanço da vacinação e os aprendizados da pandemia ajudam a manter a situação no Brasil pelo menos estável. “Mas se houver uma nova onda a economia do País não vai conseguir acelerar com os cofres públicos vazios”, finaliza.