
Tristeza ou depressão? Especialista explica diferenças e como lidar com os efeitos do inverno na saúde mental
Transtorno Afetivo Sazonal afeta 2 milhões de brasileiros no inverno; saiba identificar sintomas e estratégias para manter o equilíbrio emocional
16 de julho de 2025
Durante o inverno, aproximadamente 2 milhões de brasileiros são afetados pelo Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) ou por sua versão mais suave, o Winter Blues, uma expressão em inglês que descreve o humor deprimido ou o sentimento de melancolia associado à estação fria e aos dias mais curtos. No Brasil, as regiões Sul e Sudeste apresentam maior incidência desses de casos durante o outono e inverno.
A redução da luz solar afeta o hipotálamo, uma área do cérebro responsável pela regulação hormonal, no controle do ciclo do sono e na produção de neurotransmissores e quando os dias ficam mais curtos e nublados, nosso corpo experimenta mudanças químicas como a redução da produção de serotonina, conhecida como o “hormônio da felicidade”, causando tristeza. Simultaneamente, os níveis de melatonina se alteram, desregulando o ciclo de sono, e o ritmo circadiano interno é perturbado.
Segundo o médico psiquiatra e professor de Psiquiatria do Centro Universitário São Camilo, Alfredo Simonetti, os sintomas mais comuns incluem sono excessivo ou insônia, mudanças no apetite, fadiga constante, baixa motivação e uma tendência ao isolamento social.
“É como se o corpo entrasse em um modo de hibernação. Com menos luz, nosso cérebro reduz a produção de serotonina, o “hormônio da felicidade” mergulhando muitos em um estado de melancolia profunda”, explicou o Dr. Alfredo Simonetti.
Dados do Departamento de Psicologia Médica da King’s College/Universidade de Londres mostram que o problema é real: dias nublados, chuvosos e frios levam a alterações emocionais, no sono e no humor. A incidência é mais comum em países como Finlândia, Noruega e Suécia, e no Brasil, a região Sul é mais afetada.
“No Brasil não temos longos períodos de ausência de luz. Temos dias, no máximo semanas, onde a falta de luminosidade e o frio é muito intenso, especialmente no Sul do país. Então temos algumas pessoas que pioram nestes dias e elas não entendem porquê.”. Segundo o ele, o tratamento é baseado em antidepressivos, psicotepia e fototerapia.
Até onde estou triste e até onde estou deprimido?
Segundo o professor Simonetti, a tristeza é um sentimento que nos ajuda a refletir e a enxergar a vida com um pouco mais de clareza, enquanto da depressão trava os pensamentos e impossibilita a pessoa de “funcionar”.
” O TAS é considerado um transtorno depressivo, um subtipo de depressão com mudanças sazonais. Isso significa que começa no outono e dura os meses de inverno, melhorando na primavera, sendo mais comum em regiões com as quatro estações mais definidas”, explicou.
As pessoas com TAS experimentam uma tristeza persistente e que perdem o interesse em atividades antes prazerosas. Os sentimentos de inutilidade e culpa se tornam constantes, criando uma sensação de desesperança.
Quando uma pessoa está triste ela
No campo comportamental, o transtorno se manifesta através de algumas mudanças. O apetite aumenta consideravelmente, com uma forte inclinação para carboidratos e alimentos calóricos. O sono se torna excessivo, alterando o ritmo normal de descanso. Os movimentos e a fala também tornam-se mais lentos e a capacidade de concentração e tomada de decisões fica comprometida e em casos mais graves, os sintomas do Transtorno Afetivo Sazonal podem evoluir para pensamentos recorrentes sobre morte e até em suicídio.
O inverno não precisa ser sinônimo de tristeza. O professor Simonetti dá dicas para transformar os dias frios em momentos de autocuidado e bem-estar.
“A chave está em ressignificar a estação e em vez de ver o inverno como um período desanimador, deve ser encarado como uma oportunidade única de reconexão consigo mesmo. Aproveite o clima mais aconchegante para criar momentos de relaxamento que reduzam naturalmente os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Além disso, mergulhe em atividades prazerosas como colocar a leitura em dia, assistir séries e filmes interessantes na TV ou ir ao cinema ou mesmo desenvolver hobbies que ficam esquecidos durante a correria do ano. Mas atenção: o recolhimento não significa isolamento”, indicou.
Segundo ele, a respirar o ar puro, caminhar na natureza e mesmo ficando dentro de casa o indivíduo não deve ficar no isolamento, deve reunir a família e amigos e se eles estiverem distantes, a tecnologia oferece inúmeras possibilidades de aproximação com chamadas de vídeo ou pela participação de grupos online com interesses comum, disse, o professor do Centro Universitário São Camilo.
Fonte: Assessoria