
Seca moderada avança no Nordeste e, na Paraíba, afeta reservatórios
A escassez de chuvas e a situação hídrica crítica demandam ações coordenadas e programas públicos no enfrentamento da seca.
27 de janeiro de 2025
Nos últimos meses de 2024, a escassez de chuvas tem provocado a expansão das áreas de seca grave e moderada no Nordeste. De acordo com o boletim de dezembro do Monitor de Secas, divulgado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a seca moderada tem avançado em diversos estados, e as regiões mais afetadas incluem o Maranhão, Alagoas, Sergipe e o Nordeste da Bahia.
No entanto, Alessandra Daibert, coordenadora de articulação para gestão de eventos críticos da ANA, ressalta que a situação no Nordeste ainda está relativamente sob controle, quando comparada a outras regiões do Brasil, em parte devido a um monitoramento constante e a programas públicos focados na convivência com a seca, como a Operação Carro Pipa, que atende 344 municípios da região semiárida desde 2012.
De acordo com a ANA, embora a seca seja um problema crônico para muitos estados nordestinos, como a Paraíba, a situação atual é menos severa do que em anos anteriores. A maior parte da região está no Semiárido, onde as secas, mesmo de intensidade moderada, causam impactos significativos devido à baixa disponibilidade hídrica, como explica Priscila Monteiro, coordenadora na ANA.
A evolução da seca na Paraíba tem sido marcada por chuvas abaixo da média, o que resultou no avanço da seca moderada por todo o estado. Atualmente, a situação hídrica no estado é preocupante, com 41 reservatórios com níveis abaixo de 20% e apenas 16 reservatórios acima de 80% da capacidade. Isso reflete a grave escassez de água, especialmente no leste paraibano, que está completamente sob seca moderada.
Em relação aos outros estados do Nordeste, a situação também é preocupante, mas com algumas variações:
- Bahia: A seca moderada e fraca avançou no centro-norte, incluindo a Chapada Diamantina, e em partes do Recôncavo e do Sudoeste. No Oeste, houve um pequeno recuo da seca moderada. Os reservatórios que abastecem o Semiárido baiano estão com níveis baixos, com ao menos cinco deles abaixo de 20% da capacidade. No litoral, os reservatórios estão mais abastecidos, com mais de 80% da capacidade.
- Sergipe: O estado enfrenta a expansão da seca grave no nordeste e da seca moderada no leste, devido à falta de chuvas. Os reservatórios estão em níveis médios, entre 20% e 60% da capacidade.
- Alagoas: A seca moderada avançou no litoral norte e sul, além do agravamento da seca no norte, que passou de moderada para grave. A maioria dos reservatórios alagoanos está com níveis de água acima de 60%, com apenas um reservatório abaixo de 40%.
- Rio Grande do Norte: No estado, a seca moderada avançou apenas em uma pequena área no sul. A maior parte dos reservatórios encontra-se com níveis médios, entre 40% e 80% da capacidade, com alguns reservatórios críticos abaixo de 20%.
- Ceará: A seca moderada avançou no centro e oeste, mas no norte, a seca fraca recuou graças às chuvas acima da média. Em relação aos reservatórios, 68 deles estão com mais de 60% da capacidade, enquanto outros 29 estão em níveis críticos, abaixo de 20%, e 58 com níveis entre 20% e 60%.
- Pernambuco: O estado sofreu o avanço da seca moderada no leste e agravamento da seca no Agreste, que passou de moderada para grave. A situação dos reservatórios é alarmante, com 34 reservatórios abaixo de 20% da capacidade e apenas 15 com mais de 80% de água.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, decretou situação de emergência em 118 municípios do estado devido à seca prolongada. O decreto, publicado em 21 de janeiro, visa atenuar os impactos da estiagem nos reservatórios e no abastecimento de água, com a atuação coordenada de órgãos estaduais como a Secretaria de Recursos Hídricos e Saneamento e a Defesa Civil.
Enquanto isso, o Monitor de Secas também aponta que eventos climáticos recentes podem já ter alterado esse cenário, e as chuvas de janeiro podem influenciar a evolução da seca em diversas áreas. No entanto, é certo que a Paraíba e os estados vizinhos continuam enfrentando desafios relacionados à gestão hídrica, com a necessidade urgente de medidas para mitigar os efeitos da seca.