A menina que queria morrer
Autoficção de Rachel Juraski fala sobre saúde mental e desafios do transtorno bipolar
23 de setembro de 2024
Para reforçar a importância da saúde mental e oferecer conforto a pessoas que convivem com o Transtorno Afetivo Bipolar, o livro A menina que queria morrer, de Rachel Juraski, traz uma poderosa autoficção. A obra narra a história de Regina, uma personagem que enfrenta os desafios do transtorno, incluindo traumas de infância, consultas com psiquiatras e terapeutas, e a escrita de um diário onde ela relata suas experiências com ciclos de depressão, mania, tentativas de suicídio e automutilação.
“A menina que queria morrer”, de Rachel Juraski, é uma corajosa autoficção que mergulha nas profundezas da mente de Regina, mulher que enfrenta desafios intensos com sua saúde mental. A narrativa é um retrato brutal e honesto das batalhas da personagem contra a depressão e os pensamentos suicidas, oferecendo uma perspectiva visceral sobre as lutas que muitas pessoas enfrentam em silêncio.
Infância e primeiros sinais
Regina cresceu em um ambiente familiar tumultuado, onde o controle excessivo de seu pai alcoólatra e a falta de suporte emocional de sua mãe marcaram profundamente sua infância. Desde muito cedo, a personagem já lidava com pensamentos suicidas, tentando, sem sucesso, sufocar-se em diversas ocasiões. Esses primeiros sinais de sofrimento mental revelam a gravidade e a persistência de sua condição, refletindo um quadro que só se intensificaria com o passar dos anos.
Adolescência e tentativas de suicídio
Durante a adolescência, Regina continuou a enfrentar os demônios de sua mente. A pressão para ser uma aluna exemplar, combinada com a falta de apoio emocional em casa, agravou sua depressão. As tentativas de suicídio se tornaram mais frequentes, e as cicatrizes físicas de suas tentativas falhadas são testemunhos silenciosos de suas lutas internas e da desesperança que permeava sua vida.
Vida adulta e terapia
Na vida adulta, Regina continuou a lutar contra sua saúde mental e acaba atropelada por acontecimentos graves, como quando rememora e comenta dois estupros que sofreu. Tentativas de suicídio mais graves ocorreram, incluindo a ingestão de medicamentos e tentativas de pular de grandes alturas. A relação de Regina com seus terapeutas e psiquiatras é um ponto central do livro, destacando as dificuldades de encontrar tratamentos eficazes e o impacto das crises de mania e depressão na sua vida cotidiana. Essas interações são descritas com uma clareza brutal, oferecendo uma visão honesta dos desafios enfrentados por aqueles que vivem com transtornos mentais.
Reflexões sobre a morte
Regina não evita discutir suas fantasias suicidas e o planejamento meticuloso de sua própria morte. Ela descreve com clareza suas considerações sobre métodos de suicídio, revelando a profundidade de seu sofrimento. São passagens dolorosas, mas fundamentais para entender a extensão de sua dor e a complexidade de sua condição mental.
Superação e esperança
Apesar do tema sombrio, o livro não é desprovido de esperança. Regina reconhece momentos de alívio e melhora, especialmente na companhia de amigos e de seus animais de estimação. São lembretes de que, mesmo nas trevas mais profundas, existem faíscas de luz que podem trazer algum conforto e motivação para continuar lutando.
Conclusão
A menina que queria morrer é um relato cru e honesto sobre a vida de Regina, uma mulher que enfrenta desafios intensos com sua saúde mental. Rachel Juraski oferece uma visão não filtrada das experiências da personagem, convidando os leitores a entenderem melhor as complexidades da saúde mental. Serve como um importante lembrete da necessidade de compaixão e compreensão para aqueles que enfrentam essas lutas invisíveis.
Sobre a autora
Rachel Juraski tem 41 anos, é redatora publicitária e convive com o diagnóstico de problemas mentais desde os 29 anos. Em seu livro de estreia, “Garrafa de Gim e outras histórias”, de 2021, fez uma coletânea de contos. Com “A menina que queria morrer”, de 2024, aborda temas angustiantes e tabus como suicídio, automutilação, abusos físicos e psicológicos numa obra de ficção recheada de narrativas autobiográficas. A autora descortina as idiossincrasias de viver com uma doença que as pessoas fingem não ver, que certamente não entendem e raramente se compadecem. Você já pensou em se matar?
Ficha técnica
Editora: Kotter Editorial; 1ª edição (20 junho 2024)
Idioma: Português
Capa comum: 112 páginas
ISBN-10: 6553613109
ISBN-13 : 978-6553613102
Dimensões: 16 x 1 x 23 cm
Fonte: Assessoria