Rosa A Guiar – Por lugares incríveis na Paraíba, por Rosa Aguiar: O solitário de Tambaú
19 de julho de 2022
Finalizando temporariamente nossa série sobre museus da cidade de João Pessoa (mais dois serão inaugurados ainda em 2022), vamos saber mais sobre outro museu, que também foi a casa do homenageado. É o Museu Casa de José Américo, localizado na praia do Cabo Branco, onde ele foi morar, no final dos anos 1950. Uma equipe de estagiários acompanha o visitante com muitas informações e curiosidades. Débora Inácio, Everton Victor e Vanderli Domingos, vocês arrasaram.

O paraibano José Américo de Almeida foi advogado, professor, senador, fundador da Universidade Federal da Paraíba, governador, ministro e até pré candidato a presidência do país. Escolheu construir e viver numa das praias mais bonitas da Paraíba, lotada de altos coqueiros e quase deserta naqueles tempos. A casa, que é hoje uma Fundação de produção de cultura muito efetiva, era um sonho de José Américo. Tinha pomar e estava em frente ao mar, onde ele ia com frequência. Tudo na casa está preservado como se o ilustre morador fosse chegar a qualquer momento. Móveis de época, as roupas, a rede, os óculos, o chinelo. A casa, mesmo muito grande, tinha apenas um banheiro.

José Américo de Almeida teve grande projeção política a partir de 1930, e era respeitado até os anos 1980, quando morreu. Mas é sua contribuição para a literatura brasileira seu maior legado. Escreveu Reflexões de uma cabra, em 1922, A Paraíba e seus problemas, em 1923, reeditado pela União recentemente, e famoso romance A Bagaceira, em 1928, este considerado o marco inicial do regionalismo no país. A obra retrata o latifúndio no Nordeste, para ele responsável pela miséria da região. Foi Guimarães Rosa quem disse: “José Américo de Almeida abriu para todos nós o caminho do moderno romance brasileiro” Jorge Amado afirmou que se não tivesse lido A Bagaceira, não teria escrito Cacau. Depois vieram mais dez livros. No escritório está a sua biblioteca e a velha máquina de escrever.

Em 1967 ele tomou posse como imortal da Academia Brasileira de Letras, e, em seu discurso, fez menção a praia de Tambaú. Não chamavam ainda Cabo Branco. Era tudo Tambaú. Nos últimos vinte anos, José Américo viveu no seu paraíso, solitário, mas sempre recebendo amigos para conversas no ventilado terraço da casa. Lembro daquele senhor velhinho, na cadeira de balanço, que papai vez em quando visitava, e me levava junto. Horário de visitação: de terça a domingo, das 9 às 16h. Avenida Cabo Branco, 3336. Cabo Branco. @fundacaocasadejose
Sobre Rosa Aguiar
Jornalista com especialização em Redação Jornalística e mestrado em Jornalismo Profissional, editora do site Mais Turismo e Cultura. Seu Instagram é @rosaaguiar.