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Para uma educação financeira eficiente, seja o banqueiro do seu filho

22 de outubro de 2020

Seu filho estuda, se forma, começa a trabalhar e a ganhar dinheiro. Sem educação financeira, ele gasta o salário com roupas, sapatos, celular, internet, bar e baladas. Daí, se endivida, fica com o nome sujo, perde oportunidades e experiências, e isso atrapalha sua carreira e futuro.

Infelizmente, esse caminho é muito comum. Segundo a Serasa, 8.560.275 brasileiros entre 18 e 25 anos (31% desta faixa etária) não honraram seus compromissos financeiros em 2019, dado anterior à severa crise econômica de 2020.

A educação financeira deve começar na infância e envolve ensinar uma série de conceitos de Matemática, Economia e Finanças já a partir da idade pré-escolar. Neste artigo, sugiro uma aplicação prática dessa ideia para crianças a partir dos dez anos de idade e que recebem mesada: seja o banqueiro do seu filho.

Para começar, incentive-o a investir parte da mesada recebida, mostrando que, quando ele abre mão do imediatismo, o dinheiro cresce exponencialmente e ele consegue tirar mais proveito no futuro, seja comprando um brinquedo melhor ou mesmo mais moedas no app de jogo. Mas é importante ressaltar que deixar R$ 100,00 em um CDB com liquidez diária que rende 102% de uma taxa DI de 1,90% ao ano renderá apenas 16 centavos no primeiro mês, o que poderá ser bem frustrante para o jovem investidor.

Dado isso, sugiro que os pais banqueiros entrem em ação, definindo uma taxa semanal de juros de, por exemplo, 2% incidentes sobre os investimentos em renda fixa (CDB, fundo de investimento, título público federal ou até mesmo a poupança) do seu filho. Assim, no nosso exemplo, o saldo do CDB será de R$ 100,04 ao fim da primeira semana, mas você faz um crédito extra de R$ 2,00 (R$ 100,04 x 2%). Na semana seguinte, mais R$ 2,00 (R$ 100,08 x 2%) e assim sucessivamente. Esse crédito extra pode ser analógico – dinheiro na mão – ou uma transferência na conta corrente dele.

Tão importante quanto aprender a investir é saber lidar com crédito, ou seja, tomar dinheiro emprestado com consciência. Sempre que a mesada acabar e seu filho pedir mais dinheiro sem ter avisado antes, haja como se ele tivesse entrado no cheque especial: você até pode dar o dinheiro para cobrir os lanches do resto do mês, mas ele precisa saber que esse crédito emergencial custará, por exemplo, 5% por semana sobre o valor adiantado e será descontado da mesada do mês seguinte.

Se esse comportamento se prolongar por alguns meses, uma hora a mesada do mês posterior vai acabar e o jovem vai “quebrar”. Nesse momento, vale uma boa conversa sobre educação financeira. Pode parecer frio e duro, mas é melhor seu filho quebrar com os pais banqueiros do que com banqueiros de verdade daqui a alguns anos, o que custará muito para vida profissional e pessoal dele, além de engordar a estatística de contas em atraso e CPFs negativados.

Agora, se o empréstimo for solicitado com certa antecedência, como dois dias antes, aí os juros podem ser menores (3% ou 4% por semana), mas sempre superiores à taxa de investimento.

Com a oferta de crédito para jovens adultos crescendo nos bancos e fintechs, é provável que seu filho consiga um cartão com limite. Contudo, entrar no crédito rotativo do cartão se tornará uma bola de neve gigantesca se ele não tiver conhecimento de como isso começou e, principalmente, como pode acabar. Você, pai ou mãe, tem um papel fundamental aqui, pois dificilmente seu filho aprenderá a ter essa consciência financeira na escola, com os amigos ou mesmo sozinho pela internet.