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“Se o profissional quer ficar no mercado de eventos, ele tem que colocar a qualificação como prioridade”

8 de abril de 2015

Até 2018, mais de 30 grandes eventos devem ser realizados em João Pessoa e devem movimentar.em torno de R$ 100 milhões, além de atrair cerca de 60 mil pessoas. O bom momento, não apenas da Capital, mas também do interior do Estado no setor do turismo requer, é claro, uma qualificação de  mão de obra atual e completa para quem deseja atuar no segmento. Para isso, o Sebrae Paraíba iniciou esta semana a décima turma do Curso de Formação em Empreendedores em Eventos, uma das qualificações mais completas oferecidas no Estado. 

O curso teve início na última segunda-feira (6) e conta com facilitadores de renome nacional. Durante o curso, os alunos aprendem práticas de habilidades específicas, como planejamento, desenvolvimento de equipe, promoção e captação, comunicação e marketing, modelo de negócio, cerimonial e etiqueta, além da prática de eventos.  “Este ano tem um diferencial:  nós acrescentamos o módulo Segurança em Eventos, que é o que todo mundo, todas as entidades que trabalham com eventos estão preocupadas”, adiantou a coordenadora do curso e gestora de Turismo do Sebrae-PB, Regina Amorim.

Especialista em Gestão e Marketing do Turismo pela UNB e mestranda em Visão Territorial Sustentável do Desenvolvimento pela Universidade de Valência e Universidade Corporativa Sebrae, Regina conversou com exclusividade com o Paraíba Total sobre um assunto que é um dos mais promissores da economia paraibana: as possibilidades e as potencialidades turísticas além do já conhecido turismo do sol e mar. 

Desde 2000, Regina atua na estruturação dos roteiros turísticos da Paraíba, que englobam, inclusive, o chamado turismo de experiência, uma tendência na área. Do litoral ao cariri, o Sebrae-PB promove e fomenta projetos, como festivais gastronômicos, rotas turísticas e movimentos que tentam mostrar de que forma o setor desenvolve economicamente o local onde é aplicado. Este e outros assuntos, Regina detalha na entrevista que segue.

Começou na última segunda-feira mais uma turma do curso de Formação de Empreendedores em Eventos do Sebrae. Qual a expectativa de acontecer esta décima edição?

Estamos animados porque eu vimos o nível da turma. São profissionais que já estão no mercado, outros que estão buscando este mercado, observando o crescimento do setor. Os professores estão num nível muito bom, os que foram bem avaliados vão continuar, e este ano tem um diferencial:   nós acrescentamos o módulo “Segurança em Eventos”, que é o que todo mundo, todas as entidades que trabalham com eventos estão preocupadas. São cerca de 30 participantes, e  esperamos que o resultado dessa turma seja tão bom quanto a de 2013 e a de 2014, em que tivemos pessoas que formaram empresas, se aprimoraram e conheceram fornecedores e parceiros de negócios.

O que é preciso para ser um bom empreendedor em eventos? 

Primeiro, gostar de trabalhar com pessoas, gostar de desafios e acreditar no evento. Não há como vender uma cota de patrocínio sem se acreditar no evento. É preciso ter persistência e não desistir no primeiro ‘não’. O empreendedor em eventos precisa ainda de tempo para formar uma boa equipe e bons fornecedores, mesmo se for uma empresa pequena ou individual. Ninguém faz um bom evento sozinho.  

Muita gente realiza evento de forma intuitiva e hoje o mercado tem necessidade de qualificação. Qual a importância do profissional se qualificar e atender todas essas demandas do mercado?

Se o profissional quer ficar no mercado de eventos, ele tem que colocar a qualificação como prioridade, porque as tendências também mudam, e tudo requer profissionalismo. Eu espero que a gente já tenha um número suficiente de profissionais para formatar a ABEOC (Associação Brasileira das Empresas Organizadoras de Congressos e Convenções) em João Pessoa. Há as regionais em Pernambuco e Rio Grande do Norte. A ABEOC  também tem todo um planejamento para qualificação dos profissionais. Os megaeventos vão continuar acontecendo, mas a maior parte são de pequeno porte, desde que sejam segmentados.

Quais são as nossas potencialidades, além do turismo de sol e mar do litoral? 

No interior, Campina Grande tem o espaço de eventos no Hotel Garden, que é muito bom. Há equipamentos em Areia, como o Hotel Triunfo. No brejo, há meios de hospedagem, bons restaurantes, assim como no Conde. São destinos turísticos que já tê um olhar para eventos. A Ruraltour é um bom exemplo! Ela começou aqui na Paraíba e vai acontecer em Natal, no Ceará, em Pernambuco, no Rio Grande do Sul, Porto Alegre, e em Goiás. É um evento que já tem uma marca no mercado nacional. O Sebrae Nacional vê a Ruraltour como sendo o melhor evento de turismo rural do Brasil. 

O brejo paraibano é realmente a bola da vez no setor? 

Eu tenho percebido que o brejo paraibano tem alcançado a mídia nacional, e quando isso acontece, gera um olhar diferenciado, quebra paradigmas. Os órgãos públicos, como a PBTur (Empresa Paraibana de Turismo), estão fazendo um ótimo trabalho, reconhecendo o brejo paraibano e todo o seu diferencial, o que diversifica essa oferta turística da Paraíba. Vários equipamentos turísticos estão surgindo por lá  com uma boa qualidade. O local já tem cases nacionais de empreendedorismo, do turismo de experiência e sua oferta. 

A gastronomia engrena o turismo. De que forma o Sebrae tem trabalhado a área para fomentar negócios?

Nós estimulamos os primeiros festivais gastronômicos. Alguns chefs trabalharam conosco com consultoria e estiveram bastante presentes, como os chefs Aurélio e Adilson. Como a gente sabe que o interior têm poucos restaurantes para se fazer um festival gastronômico, o estabelecimento entra no evento com um novo produto, como um novo pão da padaria, uma inovação na sorveteria. Quando soma tudo isso, dá pelo menos de 12 a 16 pratos por município.  Aí, unimos a boa comida com a boa música, como foi o Festival Sons e Sabores do Brejo, diferenciado nos municípios do brejo paraibano. O evento teve muito sucesso e muita adesão, tanto foi que o município do Conde criou o seu evento Saberes e Sabores de Conde, que acontece agora em abril. Os festivais nasceram dentro do projeto “Caminhos do Frio”, mas  vimos que a gastronomia é um ícone forte, que dá pra fazer eventos só com a temática gastronômica. 

Como é o alinhamento do Sebrae com outras entidades ligadas ao turismo, como PBTur e Abrasel e também com os municípios? 

A nossa relação com a Abrasel e com a PBtur são muito boas! Os gestores públicos municipais precisam ver o todo do município, e muitas vezes quem está à frente do município não está preparado para enxergar as potencialidades e a melhor forma de gerar negócios. O perfil do gestor público tem que ser empreendedor.  Ele tem que trabalhar com transparência, buscando resultado, sabendo fazer parceria, tendo uma boa articulação e acabar com a história do protecionismo. Os gestores precisam se qualificar, melhorando a cidade, o acesso, a sinalização, a iluminação pública, a limpeza das cidades, as praças bem limpas e bonitas. O Sebrae, com a visão de desenvolvimento territorial sustentável, já passou por 11 municípios com a formatação de produtos de turismo de experiência, mas a gente precisa deixar algo que faça unir esses municípios para que eles fiquem mais fortes enquanto região. Em abril, vamos elaborar  o planejamento estratégico dos municípios que estão no brejo, tendidos no cariri e também no litoral. E também existe um projeto para que se trabalhe a qualificação para os gestores públicos municipais terem um melhor conhecimento do que é a visão territorial e o desenvolvimento sustentável de um município e de uma região. Eu acredito que vai ser muito bom pra eles e para a comunidade também.