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Nutrição e alimentação em tempos de covid-19

8 de setembro de 2020

Comemorou-se no dia 31 de agosto o dia do Nutricionista, profissão essencial que contribui sobremaneira para a saúde humana. Não só por elaborar dietas para os indivíduos, mas sobretudo por tentar promover a segurança alimentar e nutricional coletiva, criando estratégias e participando de ações para que todos tivessem condições de acesso à alimentação de qualidade, direito estabelecido em nossa constituição. 

Bem antes da crise deflagrada pela Covid-19, a desconstrução de políticas públicas, redução de gastos sociais e aumento do desemprego já redundavam em aumento da desnutrição infantil e vinham afetando sobretudo as populações mais pobres.

Com a pandemia, escancarou-se no país a pior das desigualdades. Embora o vírus possa contaminar qualquer pessoa, tem se visto que, entre os mais pobres, a transmissão, a evolução da doença e a mortalidade são bem piores, quando comparados aos de boa condição socioeconômica.

O sobrepeso e obesidade frequentes nas classes mais pobres é resultante da impossibilidade de fazer escolhas alimentares saudáveis por falta de dinheiro e de educação nutricional. Reflete um dos aspectos da má nutrição que deixa o sistema imunológico mais incompetente e com maior possibilidade de contaminar-se com o SARS-Cov2, de ter doença mais grave e chegar à morte, exatamente como se observa nas estatísticas.

Sobrepeso e obesidade atingem mais de 50% dos brasileiros e associam-se à hipertensão e diabetes, comorbidades que aumentam o risco de complicações pela Covid-19. Essas doenças são abordadas por médicos e nutricionistas, mas são necessárias políticas públicas que ajudem a propiciar uma boa alimentação com vistas ao melhor controle desses distúrbios crônicos.

Pessoas de boa condição sócio-econômica têm mais chance de seguir as orientações nutricionais durante a pandemia que aconselham uma alimentação rica em carnes, peixes, aves, cereais, legumes, verduras e frutas. Em quantidades adequadas, esses alimentos promovem um bom estado nutricional e um sistema imunológico mais competente.

Os mais pobres partem em desvantagem nessa luta contra a Covid-19. A crise será longa e é dever do Estado implantar uma estratégia efetiva de segurança alimentar. Só a instituição de políticas públicas que deem suporte às populações mais vulneráveis e melhorem as condições de trabalho de médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e profissionais da enfermagem podem mudar esse cenário e minimizar os efeitos da pandemia.


Maria de Fátima Duques – CRM-PB: 2638 – Gastroenterologista