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Empresa familiar e os parentes que só dão uma ajudinha

17 de março de 2021

O assunto que tratarei aqui é bem sensível,
mas extremamente importante para a prosperidade de um negócio: familiares na
gestão e/ou operação da empresa. “Tire as crianças da sala” pois a conversar
aqui vai ser de gente grande.

A seguir, um caso real na minha atuação como
Consultor empresarial em 2015:

Em uma das empresas visitadas para avaliação
do processo de implementação de melhorias de gestão me deparei com o seguinte
cenário: a empresa era composta por quatro dirigentes, sendo pai, esposa, filho
e esposa. A empresa já estava no mercado há bastante tempo e tinha uma razoável
estrutura física e penetração em sua área de atuação.

Ao iniciar a entrevista com os quatro percebi
um desalinhamento entre eles. Até aí super normal haver pensamentos e
argumentos destoantes, inclusive é bom quando há contra pontos na gestão de uma
empresa. Ficou explicitamente claro que haviam também quatro objetivos pessoais
distintos e divergentes.

Resolvi interromper o trabalho
temporariamente e conversar com eles de outra forma.

Quando perguntado ao pai qual seu objetivo de
vida, ele respondeu que seria deixar a empresa para ajudar um outro filho na
empresa dele. A mãe respondeu que estava apenas dando uma ‘ajudinha’ e não
pretendia ficar na empresa por muito tempo. Ela executava algumas atividades na
produção e cuidava da segurança, meio como uma fiscal. Já o filho, dedicara
muito esforço para ‘tocar’ o negócio, vislumbrando um futuro promissor,
estudando e trazendo novas ferramentas de gestão. A esposa do filho, também não
estava disposta a ficar muito tempo, já que estudava para passar em concurso
público e só ia pela manhã dar também uma “ajudinha” no financeiro.

E agora, quem faz o que na empresa? Quem é
responsável pelos processos de gestão e quais os resultados que precisam
alcançar em suas áreas. Essas perguntas ficaram bem difíceis de serem
respondidas por eles.

Os fiz refletir que independentemente de
serem familiares lhes faltavam essas definições e isso poderia prejudicar
qualquer alinhamento e projeção de execução de um plano de ação bem estruturado
para manutenção ou crescimento do negócio. E isso acontece em várias empresa,
não?

Como de costume, darei algumas dicas para a
gestão de empresas familiares:

1. 
Defina
bem os papéis e reponsabilidades de cada um
– Faça isso
atribuindo um cargo com funções bem definidas de modo a não haver conflitos de
competência em atividades como compras, vendas, comunicação, gestão de mídias
sociais e relações com colaboradores, por exemplo.

2. 
Defina
a remuneração
– É de suma importância que todos saibam
quanto vão ganhar, seja por pró labore, se for sociedade, seja por ocupar uma
outra posição. Deixo claro que numa sociedade também deve haver partilha de lucros
proporcionais às cotas no contrato social.

3. 
Contrate,
se possível
– Nem sempre o familiar, por mais confiável
e trabalhador que seja está apto para exercer um cargo de gestão em qualquer
área. Por exemplo, nem sempre um Administrador pode ou saberá cuidar das
finanças. Se tiver recursos, busque no mercado alguém competente tecnicamente
para assumir o cargo.

4. 
Deixe
claro que o foco é resultado
– Além de definir papéis e responsabilidades,
o parente deve saber que. Ao assumir um cargo, ele terá que mostrar resultados.
Para isso, eles precisam estar bem definidos e acordados logo de início. Nenhum
colaborador ou sócio atuante (exceto sócio investidor, apenas) deve permanecer
na empresa sem apresentar resultados satisfatórios, não é verdade? Quer
ajudá-lo financeiramente, tire de seu bolso e coloque alguém competente no
cargo.

5. 
Trate
de forma igual a todos os outros
– Não é porque é parente que tem que ser
tratado como tal dentro da empresa, principalmente se ela tiver mais
colaboradores. Uma coisa é a relação pessoal, outra coisa é a relação
profissional, tipo: “Meu filho são meus
olhos aqui, o que ele disser tá dito, pois é filho do dono”
. Cuidado com
isso! Ou: “Pai, posso ficar vindo aqui só
algumas vezes por semana?”
Nunca! Colaborador é colaborador e por ser
parente tem que dar exemplo.

Portanto, atente para as dicas que dei e
comece a avaliar se tudo está indo conforme deve ser. Caso não esteja da forma
que sugeri não quer dizer que sua empresa esteja indo mal, mas você consegue
avaliar o quanto já perdeu?

Não queira pessoas lhe dando uma “ajudinha” e
sim executando o trabalho com foco em resultados.

Por fim, te desejo sucesso, porque sorte está
ligada ao acaso e o sucesso, ao seu esforço.